O novo levantamento realizado pela Associação Brasileira da Indústria de Colchões (Abicol), intitulado Panorama do Setor Colchoeiro Brasileiro – Expectativas para o 2º semestre de 2025, revela um cenário de cautela e incertezas no setor colchoeiro nacional. Tanto fabricantes quanto fornecedores descrevem o mercado atual como desafiador, reflexo da retração da demanda, da concorrência desleal e das pressões sobre custos operacionais.
Apesar da resiliência das empresas, o panorama aponta para um segundo semestre marcado por estabilidade ou leve retração, contrastando com o otimismo observado no mesmo período de 2024.
Fabricantes de colchões
Os fabricantes representam cerca de 69% dos respondentes, com maior concentração nas regiões Sudeste e Sul. O clima entre as empresas é de preocupação: expressões como “crítica”, “paralisado”, “péssimo”, “sem perspectiva” e “instável” foram as mais citadas para descrever o momento atual do mercado, refletindo preocupação com estagnação, retração de demanda e perda de competitividade.
Entre os principais desafios estão a concorrência desleal — especialmente de produtos não conformes e sonegação fiscal —, a guerra de preços, os altos custos operacionais, a burocracia regulatória e a dificuldade de encontrar mão de obra qualificada. A flutuação da demanda e as mudanças no comportamento de consumo também figuram entre os fatores que afetam o desempenho do setor.
Alguns comentários qualitativos ilustram a percepção predominante:
“Enquanto não acabarem com o dumping, teremos sérios problemas de custos.”
“Promoções não surtem efeito, talvez estejamos sofrendo com as vendas diretas online.”
“Baixaram a régua dos colchões.”
Quando se trata de faturamento, a maioria (cerca de 55%) projeta um crescimento modesto, variando entre 10% e 30%. No entanto, há uma parcela expressiva que prevê queda de receita, especialmente entre 10% e 30%, e alguns ainda esperam redução entre 30% e 50%, revelando forte pessimismo em certos nichos.
As expectativas em relação à produção e às vendas estão divididas: parte significativa das empresas acredita em estabilidade ou leve queda, enquanto outros 30% a 40% apostam em crescimento entre 10% e 30%. O excesso de estoques no varejo e a pressão sobre os preços foram apontados como fatores determinantes para os planos produtivos.
Para 2026, o sentimento é de continuidade dos desafios: 41% esperam um ano igual a 2025, 34% acreditam que será pior e apenas 24% demonstram otimismo. A percepção majoritária entre fabricantes é de que 2026 trará desafios semelhantes ou maiores, com pressão competitiva e incertezas macroeconômicas persistentes.
Fornecedores do setor colchoeiro
Os fornecedores, que representam 31% dos respondentes e estão majoritariamente localizados na Região Sudeste, também traçam um quadro de prudência. As palavras mais mencionadas para definir o momento atual foram “recessivo”, “volátil”, “desafiador”, “estagnado” e “incerto”, refletindo uma postura de cautela e apreensão quanto ao ritmo de recuperação do setor.
Entre os principais desafios estão a concorrência intensa e desleal, os custos elevados, as oscilações de demanda, a dificuldade de contratar e reter profissionais qualificados e a presença de produtos de qualidade inconsistente no mercado. Um dos comentários resume o sentimento geral:
“O mercado está levemente pior que no ano passado.”
Quanto às expectativas de faturamento, a maioria dos fornecedores projeta estabilidade ou reduções leves, de até 10%. Há, contudo, empresas que esperam um crescimento tímido, também de até 10%, sinalizando um otimismo contido diante de um ambiente ainda adverso.
Para 2026, as percepções seguem divididas: parte relevante acredita em estabilidade, enquanto outra parcela vê piora em relação a 2025. Pequenas doses de otimismo surgem em respostas pontuais, com empresas acreditando em melhora gradual no próximo ciclo.
CONCLUSÕES ESTRATÉGICAS – VISÃO COMPARADA
| Tema | Fabricantes | Fornecedores |
| Clima atual do mercado | Predomina percepção de estagnação e retração | Visão de volatilidade e cautela |
| Principais desafios | Concorrência desleal, custos altos, dumping, demanda fraca | Concorrência intensa, custos e oscilação da demanda |
| Faturamento esperado 2º sem/2025 | Divididos entre queda moderada e crescimento de até 30% | Predominância de estabilidade ou queda leve |
| Produção e vendas | Parte relevante prevê crescimento até 30%, outros esperam queda | Não se aplica diretamente (maioria não produz colchões) |
| 2026 vs 2025 | 41% igual, 34% pior, 24% melhor | Estabilidade com nuances de pessimismo e otimismo |
Síntese Final
O panorama mostra que fabricantes estão mais expostos aos efeitos da retração da demanda, competição desleal e custos altos, enquanto fornecedores adotam postura mais cautelosa e conservadora.
A incerteza domina as expectativas para 2026, reforçando a urgência de ações estratégicas como:
- Fortalecimento da fiscalização de conformidade e combate ao dumping;
- Inovação em produtos e canais de venda, para superar a pressão competitiva;
- Articulação institucional por políticas industriais que reduzam custos e desburocratizem o setor;
- Integração da cadeia de valor para mitigar riscos e aumentar competitividade.
Vol. 10 – Edição 074 – 23/10/2025

