As discussões em torno da certificação de colchões de espuma, e mais recentemente colchões de mola, tem trazido mais conhecimento e evolução para o setor colchoeiro. No dia 18 de junho, a Associação Brasileira da Indústria de Colchões (Abicol), realizou no Rio de Janeiro, o Encontro Brasileiro da Indústria de Colchões 2015, que teve dois grandes temas: o avanço na qualidade de colchoes produzidos no Brasil e os impactos no dia a dia das pessoas com uma boa noite de sono.

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Um dos pontos altos do evento foi a palestra de Marcio Atalla sobre “A influência de dormir bem no comportamento das pessoas”. Os desafios e oportunidades da indústria de colchões a partir da certificação compulsória foram temas da palestra da técnica Cristiane Sampaio, da Divisão do Programa de Avaliação da Conformidade da Diretoria da Qualidade, do Inmetro.

Cristiane

Segundo Cristiane, apesar de o Programa para Colchões e Colchonetes já estar implementado – ou seja, ter expirado todos os prazos concedidos tanto para fabricante, importador e distribuidor/varejista) – ela considerou o evento uma ótima oportunidade de divulgar pontos que foram harmonizados após consulta pública da Portaria 258/2014, e que geravam muitas dúvidas tanto por parte dos fabricantes quanto dos organismos de certificação, muitas delas ocasionadas pela diversidade dos produtos comercializados.

O que muda…

A técnica explica que a nova portaria modifica alguns pontos relativos à identificação do produto para o consumidor, dando mais detalhes da sua constituição e coíbe o uso na identificação do colchão ou colchonete de quaisquer termos e características diferentes dos de sua constituição real. O documento também esclarece que colchões hospitalares não são de competência do Inmetro e sim da ANVISA, isentando-os da certificação e registro no Inmetro.

Além disso, estabelece que a embalagem de colchão infantil deve conter aviso para que sejam observadas as restrições quanto às dimensões do mesmo constantes no manual do berço em que será utilizado; determina que na colagem em colchões e colchonetes de espuma flexível de poliuretano não podem ser utilizados adesivos à base de solventes aromáticos ou outro componente tóxico; e exclui o revestimento como critério de formação de família, o que favorecerá bastante o setor e diminuirá as filas nos laboratórios. Para todos os novos requisitos concederam-se prazos de adequação. “A Portaria 258/2014 foi apenas a proposta de texto inicial, e assim que ela for publicada em definitivo deve apresentar uma nova numeração”, frisa Cristiane.

O gerente técnico da área de Consumo e Conforto para a Dow no Brasil, Rogério Baixo, conta que a mudança de mais impacto sobre a indústria é questão da identificação nas etiquetas. “A nova portaria determina que as etiquetas especifiquem a constituição dos produtos, que muitas vezes não está bem explícita em alguns colchões”, ressalta.

Segundo ele, além de letras maiores, agora as etiquetas de colchões mistos (com mais de um tipo de espuma e densidade), por exemplo, devem vir com todas as especificações referentes a cada espuma e material utilizado. Desta forma, o consumidor não corre o risco de comprar um produto inadequado para seu uso. Quanto ao uso de solventes, ele destaca que há uma grande migração na indústria colchoeira para o uso de adesivos sólidos, os chamados Hot Melt, o que ele considera um avanço no setor, pois garantem que o consumidor não seja prejudicado pelo uso de substâncias tóxicas na colagem dos colchões.

A grande batalha

O evento realizado pela Abicol contou com muitas perguntas e questões por parte dos fabricantes em relação à certificação de colchões de molas. Segundo Cristiane, o encontro foi uma ótima ocasião para divulgar o programa, pois uma primeira proposta dos documentos foi colocada em consulta pública no ano passado. “No entanto, devido ao próprio setor nos convencer que a mesma iria impactar desnecessariamente os laboratórios, revimos e agora a proposta será encaminhada para uma nova consulta pública dentro de algumas semanas”, esclarece a técnica.

Rogério Baixo acredita que a questão da certificação para colchões de molas gera uma grande batalha no segmento. “Enquanto a certificação não for implantada, o setor não estará 100% qualificado. O consumidor corre o risco, ao comprar um colchão de molas, que a espuma do mesmo não seja de boa qualidade. Pois como ainda não há fiscalização nestes produtos, muitos fabricantes utilizam espumas que não atendem as normas estabelecidas pelo Inmetro”, explica.

Em contrapartida, ele também observa um avanço em relação à busca por qualidade, por parte dos fabricantes. “O setor começou a entender que a profissionalização e qualificação são de suma importância nesta indústria”, completa. A Dow é uma empresa que fornece soluções de alta tecnologia para diversos segmentos, entre eles o de colchões. Rogério explica que a Dow é uma empresa associada ao Instituto Nacional de Estudos do Repouso – Iner, e auxiliou, como conselheira, no processo de certificação compulsória do Inmetro.

Para Cristiane Sampaio, o setor já se estruturou e se organizou bastante em função da regulamentação para colchões e colchonetes de espuma (Portaria Inmetro n.79/2011), vide a criação da Abicol. “Desta forma, acreditamos que o principal para as empresas com produtos certificados é manter a demonstração da conformidade tanto do sistema de gestão quanto do produto em si. Para isso é importante um trabalho junto a seus profissionais para reconhecerem a importância e contribuírem nessa manutenção”, ressalta.

Já para as indústrias que por ventura fabriquem somente colchões de molas, Cristiane alerta sobre a importância de não deixar o processo de adequação para próximo do término dos prazos que serão concedidos. “É preciso que tenham em mente que o processo demanda auditorias, coleta de amostras, análise em laboratórios e quanto mais cedo se adequarem e demonstrarem que atendem à regulamentação, melhor”, finaliza.

Veja abaixo o vídeo com mais informações sobre o Encontro Brasileiro da Indústria de Colchões 2015.