Quanto tempo você precisa dormir para se sentir bem no dia seguinte? Menos ou mais do que sete horas? Se tiver escolhido a segunda opção, cuidado: sua saúde pode estar em risco! Cientistas norte-americanos descobriram que quem dorme mais do que o tempo perfeito para o descanso noturno, de sete horas, segundo eles, está mais propenso a desenvolver doenças cardiovasculares e, portanto, a morrer precocemente.

Os motivos estariam ligados aos prejuízos que noites longas demais sobre a cama podem trazer ao corpo, sobretudo, ao coração. Segundo o especialista em psicologia clínica, pesquisador do Centro de Transtornos do Sono da Faculdade de Medicina da Universidade de Massachusetts, Gregg Jacobs, o estudo mostrou que níveis mais baixos de mortalidade correspondiam a sete horas de sono. Entre os que dormiram menos foi observado aumento de 12% nos casos de morte e, entre os que ultrapassaram o tempo recomendado, de 30%.

 

Hipertensão

Pneumologista do Serviço de Medicina do Sono do Hospital do Coração (Hcor) em São Paulo – um dos maiores centros de tratamento de doenças cardiovasculares da América Latina –, Pedro Genta explica que durante o sono há redução da atividade cardiovascular, queda da pressão arterial e da frequência cardíaca. As alterações exigem, portanto, que, à noite, durante o repouso, o sono seja equilibrado e, de preferência, ininterrupto.

“A privação e os distúrbios fazem crescer o risco de aumento da pressão arterial ao longo do dia. Além disso, sabemos que quem dorme mal e, logo, não descansa, está mais propenso a ganhar peso e desenvolver diabetes”, detalha.

O especialista ressalta, porém, que apesar de existir uma indicação do “tempo perfeito” para o sono, a necessidade fisiológica de cada um deve ser respeitada e não imposta ao organismo. “O que existe é uma recomendação de sete a oito horas por noite, mas sabemos que ao longo da vida, por exemplo, há uma tendência à redução desse tempo. É importante que se respeitem as necessidades individuais”, ensina.

Na dúvida, vigie a qualidade e observe se as noites estão, de fato, sendo suficientes para descansar. O especialista ensina um teste simples. Aproveite a noite anterior de um dia sem hora para despertar, e durma o quanto quiser. Se o sono ultrapassar em, no mínimo, duas horas a média dos demais dias, é sinal de que você está dormindo menos do que o seu corpo deseja. Fica a dica!

 

Doenças e problemas escondidos em noites mal dormidas

Noites de sono sem poder de reparação, que não conseguem manter bocejos, cansaço e aquela típica vontade de acionar o “soneca” do despertador distantes, podem esconder problemas de saúde e, pior do que isso, provocar outros.
Apneia do sono – interrupção da respiração durante o repouso –, ronco e insônia são as causas mais comuns para as noites mal dormidas. Há, no entanto, questões mais sérias, como a depressão, que podem deflagrar o problema e que, portanto, precisam ser investigadas.

De acordo com a pneumologista Luciana Macedo, uma das coordenadoras do Laboratório do Sono do Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte, a quantidade considerada adequada, teoricamente, é aquela que possibilita ao indivíduo acordar se sentindo bem.

E se, ao despertar, a sensação que fica é a de que não houve descanso, melhor ligar o alerta. “Quem vive cansado pode sofrer algum distúrbio do sono”, revela a especialista.
Hábito

Para evitar problemas e manter a qualidade do sono e a rotina em dia, a educadora física Sofia Bicalho Duarte, de 29 anos, não contraria as necessidades do corpo e mantém, há anos, o hábito de dormir e acordar cedo. “Preciso de oito horas para me sentir bem. Se durmo menos, passo o dia sonolenta”.

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E faz bem. As conse-quências de desobedecer o corpo são muitas. Doenças cardiovasculares, alterações no metabolismo, como resistência à insulina e aumento de glicose e colesterol, além de déficit de memória, lentidão de raciocínio e dores de cabeça são apenas algumas. “Quando tratados precocemente, os problemas podem não ocasionar prejuízos ao corpo. Mas se perdurem, podem levar à perda de memória e problemas sexuais”, alerta Luciana Macedo.

 

No outono, temperaturas mais amenas favorecem repouso ideal

Quando o frio chega, a sensação que temos é que a cama fica mais atraente, difícil de ser abandonada. Não é só uma impressão. Temperaturas mais amenas são, de fato, mais convidativas e favoráveis à uma boa noite de sono. A explicação para isso é científica.

Quando dormimos, a temperatura do corpo cai naturalmente dos habituais 36,5°C para cerca de 35°C. Com o ambiente mais fresco, a perda de calor do corpo é reduzida e, consequentemente, o repouso, mais agradável, se estende, em tempo e qualidade.

Mas é preciso ficar atento para não abusar do refresco. Temperaturas muito baixas, menos de 17°C, ou altas demais, acima de 29°C, podem gerar noites desagradáveis, com despertares precoces e movimentação excessiva.

Ambiente

“Além de toda a atenção ao tempo que se leva dormindo também é fundamental observar a qualidade do ambiente em que se dorme. O quarto deve ser escuro, de preferência com blecaute na janela, e silencioso. A luminosidade funciona como reguladora do metabolismo e indica que é noite, portanto hora de dormir”, enfatiza a pneumologista Luciana Macedo, do Hospital Mater Dei, em BH.

A consulta do sono Renata Federighi também chama a atenção para as escolhas corretas de colchão e travesseiro, que devem ser baseadas no peso, na altura e na posição de dormir de cada pessoa. “É preciso observar, por exemplo, a altura do pescoço para escolher o travesseiro ideal, e testar o conforto do colchão na loja mesmo. Cada posição pede um tipo de produto”, reforça.

Para garantir noites reparadoras, evite ainda se expor à luz emitida por computadores, tablets e pelas TVs. A frequência da claridade inibe a produção do hormônio do sono.

Fonte: Hoje em Dia